lunes, 28 de enero de 2013

Clube do eu

Quando a porta está trancada você me toma de assalto como um covarde se aproveitando da minha solidão. Dentro do meu cérebro você introduz suas ideias perversas e me torna um outro homem, sempre injetando seu veneno delicioso que me faz aceitar tudo sem questionamentos e resistência. Dessa maneira, você contamina meus atos, destrói meus relacionamentos com todos que eu amo. Seu sadismo é incrível, baixo, sujo. A troco de quê? Não posso revelar muita coisa, pois reconheço sua perspicácia e força, entretanto eu irei te encontrar, de alguma forma, e vou te matar!

lunes, 14 de enero de 2013

Lar amargo lar

No ano de 2009 realizei minha maior contribuição para a geografia no artigo "Ceilândia-DF: Nova centralidade na metrópole de Brasília", em parceria com a professora Laís Pickler. Nesse trabalho identificamos os maus tratos da cidade com os seus habitantes. Apesar desse fato não ser uma novidade para ninguém, aprofundamos a análise e chegamos a uma conclusão ainda mais assustadora, sobretudo, no que se refere às comunidades mais pobres - base de toda a minha luta profissional. Acompanhamos diariamente as lutas das comunidades para melhorar e desenvolver a sua localidade para que possam ter acesso aos direitos fundamentais de forma mais digna. Logo, os administradores públicos realizam obras de saneamento, urbanizam as ruas, fazem parques para lazer e esses problemas parecem se dirigir para uma solução. Parecem. Essa típica situação é o início de um dos maiores problemas dessas populações. Quando uma localidade é desenvolvida, automaticamente é domada pelo mercado imobiliário e o custo de vida aumenta (IPTU, especulação imobiliária, taxas de água/esgoto/energia mais caras). Esse processo gera a expulsão das comunidades mais pobres por não conseguirem mais viver naquela localidade ou persuadidas a sair pela valorização do imóvel, sendo substituídas por uma população com maior capacidade de pagar para viver naquele local. Portanto, a comunidade que lutou pelo seu desenvolvimento é expulsa da sua localidade em razão do seu próprio desenvolvimento, tendo que se dirigir para lugares onde a estrutura é semelhante àquela encontrada na origem, antes das transformações. Voltando a estaca zero, em um círculo vicioso que é muito complexo de ser observado. Finalmente, a mera instalação de infraestrutura não é suficiente para resolver os problemas sociais de determinada região. Para enfrentar esses problemas deve-se ajustar o desenvolvimento à realidade da comunidade local, em um processo conhecido atualmente como sustentável. O que é apresentado nas propagandas dos governos é muito diferente da realidade.